Integrantes da CPI da Petrobras e o procurador Julio Marcelo de Oliveira, do Ministério Público de Contas no Tribunal de Contas da União, disseram nesta terça-feira (14) que pretendem ouvir o britânico Jonathan David Taylor, o delator do esquema de corrupção envolvendo a empresa holandesa SBM Offshore e a Petrobras.
“O TCU deve ouvi-lo o quanto antes.
Vou requerer ao ministro relator [Vital do Rêgo] para que uma comissão de auditores vá à Inglaterra ou, se for viável, que ele venha ao Brasil”, afirmou o procurador.
Procurado pela reportagem nesta terça, Jonathan Taylor, que trabalhou oito anos e meio na SBM na Europa, respondeu que aceita colaborar com o tribunal.
“É claro que ajudaria.
Me sentiria contente em poder contribuir para essa investigação”, afirmou.
Ex-funcionário da SBM, Taylor também já se colocou à disposição da CPI no Congresso.
O deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA) informou que pretende apresentar requerimento nesta terça para que uma comissão viaje ao Reino Unido para se encontrar com o delator.
Além disso, deve ser votado, segundo ele, a convocação de Jorge Hage, que era o ministro-chefe da CGU durante a campanha do ano passado, quando Jonathan Taylor enviou um dossiê sobre o esquema à controladoria.
Conforme a Folha revelou nesta terça, o principal órgão de controle interno do governo federal, a CGU (Controladoria-Geral da União,) recebeu de Taylor durante a campanha eleitoral do ano passado provas de que a SBM Offshore pagou propina para fazer negócios com a Petrobras, mas só abriu processo contra a empresa em novembro, após a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Em entrevista ao jornal, a primeira a um veículo brasileiro, Taylor disse que prestou depoimento e entregou mil páginas de documentos à CGU entre agosto e outubro de 2014.
O órgão só anunciou a abertura de processo contra a SBM em 12 de novembro, 17 dias após o segundo turno da eleição presidencial.
O procurador questionou a atuação da CGU no caso, inclusive em relação a um acordo de leniência que o órgão do governo vem negociando com a empresa holandesa.
“Esse tipo de acordo deve ser conduzido por órgão independentes e autônomos”, disse.
Jonathan Taylor trabalhou durante oito anos e meio para a SBM na Europa e é apontado pela empresa como responsável pelo vazamento de documentos e informações sobre o caso publicadas na Wikipedia em outubro de 2013.
O vazamento levou a investigações sobre a SBM no Brasil e na África.
Os documentos indicam que ela pagou US$ 139 milhões ao lobista brasileiro Julio Faerman para obter contratos na Petrobras.
FONTE: jornal Folha de SP